quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Rumo a Olhão – revisitando a Taça da Europa de Marcha de 2001 (IV edição)

Foto: José Dias
Em 19 de Maio de 2001 realizou-se em Dudince (Eslováquia), a quarta edição da Taça da Europa de Marcha, apenas um ano depois de ter tido lugar a última edição mas que permitiu a separação temporal deste evento (anos ímpares) do da Taça do Mundo de Marcha (anos pares). A competição reuniu 280 atletas de 30 países.
Portugal apresentou-se com 12 atletas na competição, tendo João Vieira, nos 20 km marcha, conseguido o melhor resultado da delegação lusa ao posicionar-se no 15.º lugar, com o tempo de 1.22.52.    
Os outros participantes portugueses foram, nos 20 km marcha (masc.), Augusto Cardoso (19.º), nos 50 km marcha (masc.), Pedro Martins (17.º), Jorge Costa (23.º), Luís Gil (30.º), e Virgílio Soares (34.º), nos 20 km (fem.), Inês Henriques (25.ª), Isilda Gonçalves (27.ª), Sofia Avoila (32.ª), e Susana Feitor (desclassificada), e nos 10 km juniores femininos, Carla Monteiro (17.ª), e Raquel Carvalho (20.ª).
Colectivamente Portugal foi 6.º nos 50 km, 7.º nos 20 km femininos e nos 10 km juniores femininos.
A competição foi marcada pelo domínio avassalador da Rússia. As medalhas de ouro, nas provas de seniores masculinos, foram arrecadadas, nos 20 km por Viktor Burayev (Rússia), com 1.19.30, e nos 50 km por Jesus Angel Garcia (Espanha), com 3.44.26. Na prova 20 km de seniores femininos venceu Olimpiada Ivanova (Rússia), com 1.26.48. Nos 10 km juniores, triunfos para Yevgeniy Demkov (Rússia), com 41.16, e Tatyana Kozlova (Rússia), com 46.08. 
Na classificação colectiva, a Rússia nada deixou para a concorrência. Triunfos nos 20 km masculinos e femininos, e nos 10 km juniores masculinos e femininos, e ainda nos 50 km masculinos.   
As provas tiveram lugar, como habitualmente, no centro da cidade, num dia de sol e algo ventoso, realizadas numa única volta de 2 km. Às 8:00 horas os termómetros assinalavam 17,6 graus centígrados e às 12:00 horas já tinham subido para os 28,9 graus. Kozlova, Ivanova e Garcia repetiram os triunfos de 2000, verificando-se a extraordinária série de resultados do então campeão mundial de 50 km, Jesus Angel Garcia, com três vitórias e um segundo lugar nas quatro edições da competição.
A delegação portuguesa foi chefiada por Fernando Fernandes, e enquadraram os atletas os treinadores Jorge Miguel, Paulo Murta e José Magalhães. O fisioterapeuta foi João Rezende.
Igualmente presente, o então treinador nacional de marcha, Luís Dias, em funções no âmbito da Comissão de Marcha da Associação Europeia de Atletismo.
Pela primeira vez foi implementada, a título de teste, a chamada regra de emergência, após proposta apresentada na reunião técnica, e aceite unanimemente pelos delegados dos países presentes, dando poderes alargados ao Juiz-chefe de marcha para, em qualquer fase da competição, decidir pela desclassificação de um atleta. Hoje em dia, pela regra 230.3 a), o Juiz-chefe poderá fazer o seu uso nos últimos 100 metros de uma grande competição internacional.     
Na génese da decisão, os acontecimentos verificados em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sidney. Susana Feitor sentiria na pele os efeitos da medida ao ser desclassificada no último quilómetro da prova quando já seguia isolada no primeiro lugar a caminho da meta e inclusivamente, a esperava uma equipa da Radiotelevisão Portuguesa, que se deslocara, propositadamente, para fazer a reportagem do acontecimento, facto muito raro em acontecimentos de atletismo com apenas provas de marcha.
Foram os seguintes os oficiais, designados pela Associação Europeia de Atletismo:
Rolf Muller (Alemanha) o delegado técnico; Irena Szewinska (Polónia), Sandor Kovacs (Hungria), e Luís Dias (Portugal) no Júri de Apelo; Peter Marlow (Grã-Bretanha) o Juiz-chefe de marcha, Nikolay Lagogiannis (Grécia), Miloslav Lapka (República Checa), Dominique Ansermet (Suíça), Tommy Dahllof (Suécia), Maris Peterson (Rússia), José Dias (Portugal), Janusz Krynicki (Polónia), e Anne Froberg (Finlândia), os restantes juízes de marcha.


Colaboração: Rolf Muller