sábado, 16 de abril de 2011

Marcha atlética?

Publica-se de seguida um texto da autoria de Artur Domingos, treinador e dirigente do Centro Desportivo de Quarteira (CDQ). Artur Domingos, empresário e consultor, é credenciado como treinador de atletismo de nível III e foi fundador do CDQ, a cuja direcção preside desde 2007.

Marcha atlética?

Enquanto praticante fui observando em determinados eventos (campeonatos) que acontecia algo quase surreal: um atleta feminino e um masculino começavam um calvário de voltas na pista, chamava-se “marcha atlética”. Pessoalmente até gostava de ver mas os meus companheiros não admiravam muito. Os tais marchadores até eram esquisitos, não faziam barreiras, estafetas etc... eram uma caso à parte. Mas aquilo dava pontos!

Anos volvidos e com o aumentar das responsabilidades na equipa observava que os tais marchadores eram mesmo importantes, pois apenas um ou dois entravam em prova e isso representava “pontos”.

Como nada percebia de marcha e nunca fui convidado a aprender em acções de formação, tomei a liberdade de inscrever uma atleta numa prova em Tunes. A atleta foi tão acarinhada que foi expulsa quase imediatamente. Não desisti e começei a ler e a aprender sobre marcha. Pouco tempo depois levei a Ferreira do Alentejo uma jovem e acabou no «top» 10.

Hoje, no CDQ, a marcha é apresentada como a disciplina mais importante, só depois chegam as outras. É mais fácil detectar e promover. A lacuna foi quebrada e neste momento represento uma parte da marcha nacional na formação, obrigando a que outros clubes retomem a tradição. E os que não tinham marcha começaram a olhar para a disciplina com outros olhar.

Mais de 40 atletas já fizeram marcha em competição pelo menos uma vez e mais de 30 estão prontos para entrar em competição. O antes e o depois CDQ é visível e notório.

Recentemente, o júnior Nilson Tavares alcançou mínimos para o nacional de juniores e ficou próximo dos de Sub-23; Catarina Marques, a inciada que terminou em 1.º o Jovem Marchador, tem no seu encalce outras jovens. Jovens que estão na marcha há quatro e cinco anos estão no «top» nacional. Sem forçar, criando as bases correctas e duradouras. Vitórias nacionais em iniciadas e infantis masculinos e segundos lugares nos inciados e infantis femininos demonstram o exposto.

A marcha atlética no CDQ é uma disciplina de formação, muito se poderia dizer das vitórias e conquistas deste novo clube mas a mais importante é: os marchadores são atletas com uma capacidade de entrega e sofrimento acima da média.