domingo, 29 de dezembro de 2013

Robert Heffernan, figura internacional de 2013

Robert Heffernan em Moscovo, a caminho
do título mundial. Foto: Eurosport
Com a vitória alcançada nos mundiais de Moscovo, enriquecida pela magnífica marca que a proporcionou, o irlandês Robert Heffernan tornou-se a figura mundial de 2013 na marcha atlética. O sucesso registado na capital russa não representou apenas a conquista do título de campeão na mais importante competição do ano (os campeonatos do mundo de atletismo): ela significou também a obtenção do melhor registo mundial do ano na distância mais longa do programa olímpico do atletismo, os 50 km marcha, graças às 3.37.56 h marcadas na meta.

Mas a vitória de Heffernan nos mundiais de Moscovo teve ainda outro aspecto a conferir-lhe brilho: tratou-se de uma rara imposição à selecção russa, que «jogava em casa» e não perdia uma medalha de ouro nas provas de marcha dos mundiais de atletismo desde os campeonatos realizados em Ósaca, em 2007. Nessa ocasião, o australiano Nathan Deakes prevaleceu nos 50 km e o equatoriano Jefferson Pérez tinha feito o mesmo nos 20 km masculinos, tendo os russos a sua vitória apenas nos 20 km femininos, através de Olga Kaniskina. Depois disso, tanto em Berlim-2009 como em Daegu-2011, a Rússia «cilindrou» a concorrência, vencendo as três provas em ambas as ocasiões.

Desta vez Robert Heffernan foi o único estrangeiro a vencer na marcha dos mundiais de Moscovo, perante os sucessos de Aleksandr Ivanov nos 20 km masculinos e de Elena Lashmanova nos 20 km femininos. Mas não foi fácil a tarefa do irlandês, que além de bater os recordes pessoal e nacional, teve ainda de superar a resistência determinada do jovem Mikhail Ryzhov, que com apenas 21 anos teve de ser a ponta da lança russa numa prova em que as «estrelas» eslavas ficaram em casa.

Num ano em que Elena Lashmanova continuou a passear a superioridade pelos locais onde foi competindo e Ryzhov conseguiu este desempenho notável para um atleta tão jovem, não era fácil eleger outro atleta como figura do ano, mas Heffernan fez por merecer a escolha, coroando aos 35 anos uma carreira longa, com altos e baixos, é certo, mas onde desde sempre faltava a medalha. Em Moscovo, os quartos lugares deixaram de ser a sina do melhor marchador irlandês, que superou igualmente os segundos lugares das compatriotas Gillian O'Sullivan e Olive Loughnane, respectivamente nos mundiais de Paris-2003 e de Berlim-2009.

Depois dos quartos lugares na Taça da Europa de Metz-2009 (20 km), nos europeus de Barcelona (20 e 50 km) e nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 (50 km), Robert Heffernan foi a Moscovo buscar a consagração que lhe faltava, conquistando o título mundial, a liderança anual e, com isso, a condição de figura internacional de 2013.