quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sidoti não quer perder a batalha

Em boa companhia: em 1.º plano, Erica Alfridi, Rossella
Giordano e Gisella Orsini; em 2.º plano, Elisa Rigaudo,
Annarita Sidoti e Elisabetta Perrone.
Foto: facebook de Sidoti.
Campeã mundial de marcha em Atenas-1997 e dupla campeã europeia em Split-1990 e Budapeste 1998, participante em três edições dos Jogos Olímpicos (1992, 1996, 2000) e detentora de 47 internacionalizações (1987 a 2002), Annarita Sidoti foi umas das figuras de maior destaque da marcha mundial da década de 1990, período em que foi também segunda classificada nos Campeonatos da Europa de 1994 (Helsínquia), campeã europeia de pista coberta em 1994 (Paris), campeã mundial universitária em 1995 (Fukuoka) e vencedora da primeira Taça da Europa de Marcha, em 1996, na Corunha. O diário desportivo italiano «La Gazzetta dello Sport» traz este domingo a história que alguns conheciam e de que mais alguns suspeitavam mas que a maior parte desconhece: a atleta enfrenta actualmente o maior dos adversários, o cancro.

No encontro da atleta, ocorrido este sábado em Lomello (perto de Pavia e de Milão), com jovens estudantes e antigos companheiros da selecção italiana e de que o jornal fez reportagem, a atleta falou pela primeira vez em público sobre os quatro anos de luta contra a doença. E mais uma vez revelou-se não uma pequenina marchadora de metro e meio mas uma mulher de enorme coragem e muita força numa luta contra um adversário que não dá tréguas.

No início de Outubro passado, Annarita foi submetida a mais uma intervenção cirúrgica, a quinta desde 2009, ano em que, perto do final da terceira gravidez, teve o diagnóstico da doença. Agora, a atleta siciliana foi contar a sua história, acompanhada do filho mais velho, Federico.

E é na família que tem encontrado o maior apoio, sobretudo da parte do marido, o médico Pietro Strino. Com os filhos fala sobre o tema da doença, mantendo-os a par da situação e da luta que trava. Federico (9 anos) e Edoardo (8) estão ao corrente, só Alberto é que não, que os quatro anos e meio ainda não lhe permitem compreender alguns aspectos da realidade.

Annarita contou durante o encontro que poucos dias depois do nascimento de Alberto foi submetida à primeira operação, dando conta da consciência das dificuldades mas também na determinação por lutar: «Faz parte do meu destino nunca baixar as armas. O meu marido Pietro diz que a minha luta já é a minha profissão. Entre exames, consultas e tratamentos e com três filhos para acompanhar, tudo é bem programado. Em 2011 foi operada a uma recidiva na axila e em Setembro de 2012 ao cerebelo. Agora, ao fígado. Sei que não estou curada, apareceu qualquer coisa no cerebelo e recusei a radioterapia», disse na ocasião, citada pela «Gazzetta».

A coragem permanece intacta e Annarita sabe de onde ela vem: «Foi o desporto que me ensinou a ser assim. A nunca desistir, a acreditar que a derrota só se consuma se nos rendermos. Tenho travado lutas maiores do que quando era atleta, agora tenho pela frente um adversário que não cede, que pode matar-nos primeiro a alma do que o corpo. Mas esta batalha não ma vencerá!»

Uma atitude de uma ética insuperável. Ou um exemplo de tenacidade permanente daquela que permanece como a mais laureada das atletas italianas depois da saltadora Sara Simeoni.

A «Gazzetta» pode ter-lhe chamado «Pardalito de Ouro» quando da vitória nos europeus de Split, mas Annarita Sidoti continua a ser a temível leoa que se deu a conhecer nas pistas e nas estradas em que se faz a marcha internacional.