sábado, 4 de outubro de 2014

Há 30 anos José Pinto marcou momento histórico

José Pinto (Los Angeles-1984).
Foto: arquivo O Marchador
Se houve atletas que se destacaram nas primeiras décadas de implantação da especialidade da marcha atlética no nosso país, José Pinto foi, seguramente, um deles. No verão de 1975, ele e um conjunto de outros atletas foram aparecendo na pista de atletismo do Sport Lisboa e Benfica, onde os esperava um técnico da Direção-Geral de Desportos, Francisco Assis, que incentivava os jovens à prática do atletismo total.

Francisco Assis, um antigo fundista do clube, realizara um estágio em França e aí estivera em contacto com um grupo de marchadores gauleses em preparação para eventos internacionais. Então, prometeu a si mesmo que, quando surgisse a oportunidade, incutiria nos atletas lusos que melhor se evidenciassem nos testes por si realizados o gosto pela especialidade.

Ele próprio acompanhou, por vezes, os treinos mais longos, do Estádio da Luz a Monsanto, incutindo nos jovens um forte incentivo psicológico, motivando-os a prosseguirem o trabalho de relançamento da marcha atlética no nosso país, junto das administrações desportivas, nomeadamente a Associação de Atletismo de Lisboa e a Federação Portuguesa de Atletismo.

José Pinto que, entretanto, se filiara no Clube de Futebol “Os Belenenses”, seguindo uma estratégia delineada com vista ao desenvolvimento da especialidade nos clubes com maior projeção no atletismo da capital, cotava-se como o melhor marchador português no princípio dos anos oitenta, especialmente na distância de 50 km marcha, sendo o primeiro representante a merecer a distinção de uma presença nuns Jogos Olímpicos.

E não se limitou à já, em si, honrosa participação numa olimpíada, particularmente numa especialidade que, a muito custo, acabara de ser aceite na estrutura competitiva da FPA. A dedicação e o empenho de José Pinto, acompanhados de um efetivo apoio na retaguarda dos dirigentes do então Clube Português de Marcha Atlética, valeram-lhe o inesperado e brilhante oitavo lugar nos Jogos de Los Angeles, em 1984. A propósito, transcreve-se um excerto da crónica do jornalista de “A Bola”, Carlos Miranda, enviado-especial para esse acontecimento desportivo planetário:

“E dá vontade de perguntar se Portugal, com tão poucos praticantes a sério, só com um de nível internacional, foi capaz de ir buscar o oitavo lugar nestes Jogos, que poderia acontecer se a Marcha fosse acarinhada e recebesse tratamento prioritário, no estilo do que recebem o fundo e o meio fundo, pois os portugueses parecem ter qualidades para a especialidade. Isto sem humorismos baratos e referência a dificuldades económicas...“

Alguns pontos de comparação entre o “ontem” e o “hoje”...