quinta-feira, 12 de novembro de 2015

José Marín: a técnica ao dispor dos atletas

Marín no Equador e quando atleta em L’Hospitalet, Espanha.
Fotos: Comité Olímpico Equatoriano e arquivo «O Marchador».
Josep Marín Sospedra, um dos melhores marchadores mundiais na década de oitenta, que exerceu o cargo de treinador nacional de marcha em Espanha e foi o responsável da marcha no Centro de Alto Rendimento de Sant Cugat del Vallés, em Barcelona, desenvolve atualmente em Cuenca, no Equador, um trabalho técnico junto de Andrés Chocho.

A iniciativa coube à Federação de Atletismo do Equador e ao Comité Olímpico, obedecendo a um plano de apoio ao atleta, oitavo classificado nos 50 km dos mundiais de Pequim, no sentido de chegar ao Rio de Janeiro, em agosto de 2016, nas melhores condições técnicas.

Chocho, campeão pan-americano, tem sido penalizado, nos últimos anos, pelos juízes de marcha devido a incorreções técnicas, o que lhe tem causado desclassificações, uma delas sofrida nos Jogos Olímpicos de Londres. A José Marín caberá a tarefa de ajudá-lo a solucionar, sob o ponto de vista técnico, esse problema.

Na definição de Marín, a condição essencial para se possuir uma boa técnica é cumprir o que está regulamentado e marchar de forma rápida e económica. Para o antigo recordista mundial (Marín tem 1,64 de altura), os marchadores mais altos sentem, por vezes, maiores dificuldades ao pretenderem intensificar o ritmo, os mais baixos podem ter problemas ao amplificar a passada.

Para a marcha atlética portuguesa, o contributo de José Marín é unanimemente aceite como tendo sido de um valor inestimável. Foram duas as ocasiões em que o conceituado treinador espanhol, atualmente a orientar Raquel González e Beatriz Pascual, se deslocou ao nosso país para ministrar ações teóricas e práticas, com o patrocínio da Federação Portuguesa de Atletismo: em 13 e 14 de março de 1993, em Lisboa, no Estádio Nacional, primeiro no auditório e depois na pista, e em 23, 24 e 25 de outubro de 2009, em Rio Maior, no Complexo Desportivo iniciativas que se revelaram de grande utilidade.

Mas há outro facto significativo a registar, Em 1992, Susana Feitor, ainda júnior, apresentava problemas de ordem técnica - havia sido desclassificada nos Jogos Olímpicos, em Barcelona, e nos Campeonatos do Mundo de Juniores, em Seul. Sob proposta do então treinador nacional de marcha, a FPA patrocinou a deslocação ao Centro de Alto Rendimento de Saint Cugat de Susana Feitor e Jorge Miguel (o seu treinador), e de Luís Dias e, durante uma semana, o apoio técnico de Marín viria a revelar-se um contributo importante para a melhoria do aperfeiçoamento técnico da atleta portuguesa, potenciado excelentemente pelo treinador da atleta – esta conquistaria medalhas de bronze em 1998, nos europeus de Budapeste, e em 2005, nos mundiais de Helsínquia.

Marín foi campeão europeu de 20 km marcha e vice-campeão nos 50 km marcha, nos Campeonatos Europeus de Atenas, em 1982. Nos mundiais de Helsínquia, em 1983, conquistou a medalha de prata nos 50 km. 56 vezes internacional pelo seu país, esteve presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos, exibindo-se sempre ao mais alto nível: Moscovo, 1980 (5.º nos 20 km, 6.º nos 50 km), Los Angeles, 1984 (6.º nos 20 km), Seul, 1988 (4.º nos 20 km, 5.º nos 50 km) e Barcelona, 1992 (9.º nos 50 km). Em 1979, bateu o recorde mundial dos 30.000 m e 50.000 m marcha em pista.