quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Pastorini quer equipa etíope forte nos Jogos de Tóquio

Pietro Pastorini e o seu novo desafio na Etiópia.
Foto: Jérôme Genet. Montagem: O Marchador
Personalidade das mais renomadas no mundo da marcha atlética, o treinador italiano Pietro Pastorini iniciou novo desafio profissional ao integrar a equipa técnica da selecção de atletismo da Etiópia. O objetivo é o de apresentar uma equipa competitiva de marcha daquele país nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020) e de contribuir para a formação de novos treinadores etíopes da especialidade.

A caminho dos 80 anos, que cumprirá em 10 de Abril do próximo ano, Pietro Pastorini põe assim uma experiência de quase 40 anos como treinador à disposição de um país que procura afirmar-se na marcha com a mesma qualidade com que o tem feito há décadas nas corridas de fundo.

Em declarações ao jornal italiano «La Provincia Pavese», Pastorini explica ter sido convidado por um emissário da federação etíope que lhe ofereceu uma oportunidade extraordinária: «Isto demonstra como é valorizada a minha experiência internacional e como ainda é lembrado o meu trabalho de divulgação feito em Itália num sector do atletismo altamente técnico como é a marcha. Foi, portanto, uma oferta que me lisonjeou e que não poderia recusar.»

Com os pormenores contratuais ainda em fase de definição, Pastorini não deverá instalar-se a tempo inteiro no país do Corno de África, onde passará períodos de duas semanas orientando treinadores e atletas, alternando com fases de regresso à sua Lomello natal, onde mantém o compromisso de treinar as irmãs suíças Laura e Marie Polli e o jovem italiano Stefano Chiesa.

«Chiesa é uma grande promessa, é uma aposta minha com vista aos Jogos de Tóquio. Não posso atraiçoar-lhe o mais belo dos sonhos e por isso aceitei a incumbência de orientar a equipa técnica da Etiópia com a condição de ter tempo para seguir em Itália o desenvolvimento de Chiesa.»

A idade, essa parece não incomodar o treinador italiano, uma referência da marcha internacional, com seis Jogos Olímpicos a acompanhar atletas seus e ainda estes últimos do Rio de Janeiro como comentador da RAI. Mas logo lhe saltam as queixas: «Alguém na estrutura federativa da marcha negou o meu valor e o de outros treinadores históricos, pondo-nos de parte. As melhores respostas chegam com este meu compromisso pessoal e com aquele que assumiu com a selecção chinesa o grande Sandro Damilano, de quem fui colaborador na selecção durante quase dez anos.»

Sobre Alex Schwazer, tem uma opinião bem clara: «Tive com ele uma excelente relação técnica e afectiva. É uma autêntica máquina de marchar. Não compreendo o que se passou. Ele não tinha necessidade nenhuma daquilo. Talvez se tenha rodeado de pessoas que não merecem confiança. A verdade é que, com o Alex, o atletismo perdeu um verdadeiro campeão, tão forte quanto frágil.»

Quanto à aventura etíope, terá início logo que estejam ultimados os pormenores do contrato. Levar a marcha a África será a nova missão de Pietro Pastorini, o homem de Lomello que forjou dezenas de campeões e ofereceu à selecção italiana 14 medalhas em grandes competições internacionais.