quinta-feira, 11 de maio de 2017

Portugal nas Taças da Europa de Marcha (Dudince – 1998)

Os homens de 20 e 50 km em Dudince-1998.
Fotomontagem: O Marchador
Dudince, na Eslováquia, região com grandes tradições na marcha atlética, principalmente pelos seus 50 km, que há longos anos têm lugar naquela cidade, localizada junto à fronteira húngara, organizou a segunda edição da Taça da Europa, com a delegação portuguesa, chefiada por José Dias, a aterrar em Budapeste e a ter de passar por um demorado processo burocrático, aquando na passagem da fronteira que liga a Eslováquia e a Hungria (ambos os países entrariam no espaço da União Europeia a 1 de maio de 2004).

Da prestação da seleção nacional, que levou equipas completas para as provas dos 20 km e 50 km masculinos e dos 20 km femininos (ainda não havia provas para juniores), o melhor resultado individual foi estabelecido pelo benfiquista José Urbano. No entanto, houve a destacar o excelente desempenho da seleção masculina (ainda nesta edição da Taça da Europa com a classificação coletiva a apurar-se através do somatório da pontuação obtida nas duas provas), que ocupou o 5.º lugar, até então, o melhor resultado coletivo da marcha atlética portuguesa ao mais alto nível.

José Urbano, João Vieira, Augusto Cardoso e Sérgio Vieira, nos 20 km, e Pedro Martins, José Magalhães, Virgílio Soares e José Pinto, nos 50 km, foram os protagonistas daquela excelente prestação das cores lusas e que mereceu grande destaque na capa de “O Marchador”, impresso de maio de 1998, com o título de “A Turma dos Valentões”.

Na comitiva portuguesa acompanhou a delegação portuguesa o então presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Silvino Sequeira, que se deslocou com o intuito de estabelecer pontos de referência quanto á possibilidade de realização de uma competição internacional em idênticos moldes.

Silvino Sequeira, o autarca que, em grande medida, foi o responsável pela construção do parque desportivo da cidade desportiva de Rio Maior, disse então: “Foi uma agradável surpresa pelo convívio e pelo alto sentido de solidariedade existente entre as pessoas. Como presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, esta prova assume uma importância maior porque muitos jovens munícipes pertencem a esta selecção. Rio Maior faz parte da história da marcha em Portugal. Espero ter mais oportunidades de contar com gente tão boa, tão solidária. A Federação Portuguesa de Atletismo está de parabéns com os atletas, com o quadro técnico, com o quadro dirigente e com o quadro médico.”

A competição constituiu, também, a oportunidade para uma primeira avaliação dos juízes internacionais de marcha europeus (nesse mesmo ano outro grupo de juízes, entre os quais o português José Dias, haveria de ser avaliado em Laval, França), com vista à constituição do primeiro painel certificado da IAAF, composto por 61 elementos dos vários continentes.

Pedro Martins, o marchador português com o melhor desempenho individual registado em Taças da Europa, na distância dos 50 km (a par de Augusto Cardoso) é nosso convidado para abordar, com o seu olhar, cada uma das edições da Taça da Europa de Marcha:

“Dudince, uma zona de termas e com muitos espaços verdes. Nesse ano, o percurso para os homens era de 2.000 metros e para as mulheres penso que não chegava aos 1.000 m (com acertos na partida). As amplas viragens tornavam as provas que ali se realizavam, relativamente rápidas e agradáveis de participar.

Lembro-me que era a minha segunda prova de 50 km. Levei duas "faltas" muito cedo (ainda antes dos 10 km), mas com esforço e cautelas técnicas até ao fim, consegui concluir e ser ainda o primeiro português nos 50 km”.