segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Robert Heffernan em autobiografia

Robert Heffernan. Foto: Augustas Didzgalvis
De Robert Heffernan já se sabia pelo menos o essencial: que foi campeão do mundo de 50 km marcha, que foi medalhado em campeonatos europeus de atletismo e em Jogos Olímpicos, que nos europeus de Barcelona de 2010 conseguiu o terceiro lugar nos 20 km e o quarto nos 50 km com apenas três dias de intervalo, que foi presença regular nas grandes competições internacionais de marcha durante quase vinte anos e que é uma das figuras mais destacadas na história do desporto irlandês. Mas poucos são os que conhecem o caminho percorrido pelo rapaz de Cork para chegar ao topo da marcha mundial.

«Walking Tall» é a autobiografia de Robert Heffernan e, como tal, a oportunidade para conhecer, a partir da narração do próprio atleta, os momentos de alegria e de tristeza que foram marcando a ascensão ao sucesso, a superação das lesões, os momentos de desânimo, as dificuldades económicas. Também as divergências com a Federação Irlandesa de Atletismo e o Conselho de Desporto da Irlanda no processo de reclamação da medalha olímpica de Londres são detalhadas por Heffernan neste livro, que revela o combate travado pelo atleta sem apoio institucional para que o russo Sergey Kirdyapkin, apanhado nas malhas da luta contra a dopagem, fosse desapossado da medalha de ouro conquistada na capital britânica, numa prova em que Robert Heffernan tinha sido o quarto a cortar a meta.

Assente na subjectividade própria de uma biografia escrita pelo biografado, «Walking Tall» não deixa de revelar alguns dos episódios mais marcantes da carreiro de um atleta que já adulto começou a ganhar notoriedade internacional, começando por ser um atleta de fim do pelotão para se tornar no campeão que em Moscovo, em 2013, derrotou todos os colegas de prova para sagrar-se campeão mundial dos 50 km marcha.

Com edição em papel e em versão electrónica, o livro foi lançado em 2016 e compõe-se de 216 páginas ilustradas com fotografias a cores. Houve quem dissesse tratar-se de uma obra fascinante, despertando o leitor para problemas que normalmente não imagina. Houve também quem afirmasse tratar-se de um livro escrito com paixão, de fácil leitura e revelador. Uma coisa «Walking Tall» não deixará de ser: uma história contada sobre várias histórias conhecidas e outras que nunca tinham chegado à percepção do mais interessados no fenómeno internacional da marcha atlética.

Mas, atenção a quem for procurar o livro na Internet: não confundir com outras obras (cinematográficas) que surgem com o mesmo título, nada têm que ver com a autobiografia do mais famoso marchador irlandês e onde há sempre alguém a querer fazer justiça com as próprias mãos.

Mera coincidência. Mera coincidência?